Perfil: Albert Wesker

Se existe um fio condutor que atravessa toda a série, é Albert Wesker. Extremamente inteligente e igualmente calculista, o vilão esteve por trás da maioria dos incidentes retratados nos games, manipulando cada um dos personagens para seus próprios fins. Seu objetivo era ambicioso: dominar o mundo.

Wesker está para Resident Evil como Darth Vader está para Star Wars. O visual e estilo agressivos do vilão, unidos a uma atmosfera de superioridade e frieza, o transformaram em um dos ícones da franquia. Mesmo quem não tem o personagem no topo de sua lista de favoritos pode negar sua influência. Sem ele, o mundo da saga seria bem mais tranquilo.

O caminho da dominação mundial foi colocado perante Albert antes mesmo de seu nascimento. Ele foi uma das treze crianças escolhidas para participar do projeto Wesker Children. Liderada pelo fundador da Umbrella, Ozwell Spencer, a iniciativa tinha como objetivo selecionar jovens de inteligência superior, nascidos em boas famílias, que formariam uma nova raça de seres humanos no futuro.

Wesker cresceu em um ambiente inteiramente controlado e sem nem mesmo conhecer seu nome verdadeiro – o sobrenome foi dado a todas as crianças que participaram do projeto e pertencia a seu pesquisador-chefe. Todos os escolhidos receberam uma educação de primeira linha e, das treze crianças, Albert se mostrou o mais promissor.

Observado de perto

Não é coincidência que, durante seus estudos, Wesker cresceu aspirando se tornar um funcionário da Umbrella. Tal desejo, em parte fruto da manipulação de Spencer, também permitiria que a “criança” com maior potencial trabalhasse ao lado de seu criador. Para o presidente da Umbrella, este era o modelo perfeito para a nova raça de seres humanos que estava sendo criada.

O futuro vilão se provou um prodígio quando, em 1977 e com apenas 17 anos, foi aceito no Centro de Treinamento da Umbrella. Pouco depois, começou a trabalhar como pesquisador no laboratório anexo ao local, sob a tutela de James Marcus. O cientista também percebeu o grande potencial de Wesker e formou uma relação de confiança extrema com ele, algo que também interessava aos planos de Spencer.

Foi no mesmo centro de pesquisas que Albert conheceu William Birkin, outro trainee com quem desenvolveu uma relação de amizade e rivalidade. O cientista, que era dois anos mais novo do que Wesker, também era visto com grande estima por Marcus e todos trabalharam lado a lado nas primeiras pesquisas realizadas pela Umbrella.

Pouco após sua chegada ao Centro de Treinamento, Albert Wesker adquiriria o hábito de utilizar sempre seus característicos óculos escuros. Apesar de nunca ter revelado abertamente a exata função do acessório, ele servia para ocultar os pensamentos do jovem, dando a ele um caráter inabalável, pouco amigável e misterioso.

Em 1978, James Marcus criaria o T-Vírus. A partir de pesquisas que envolviam a utilização de sanguessugas e o vírus Progenitor, que já era propriedade da Umbrella, o cientista geraria o avanço que se tornaria a base de boa parte do trabalho que veria a seguir. A descoberta, porém, também o colocaria na mira direta de Spencer.

Poucos meses depois, o Centro de Treinamento da Umbrella é fechado e Wesker, agora formado em bioengenharia, é transferido para o recém-inaugurado laboratório nas montanhas Arklay ao lado de Birkin. Os dois se tornariam cientistas-chefes da instalação e iniciariam pesquisas para adicionar o potencial destrutivo do vírus Ebola ao recém-descoberto T-Vírus.

A primeira traição

O trabalho de Albert Wesker e William Birkin no T-Vírus se estenderia por treze anos e a dupla se tornaria a principal referência em pesquisa sobre o assunto. Os dois não tinham vida social e sua dedicação total às pesquisas resultaram na criação de uma série de mutações e armas biológicas experimentais. Os avanços concretos, porém, eram poucos.

Enquanto isso, James Marcus continuava suas pesquisas no decrépito laboratório anexo ao Centro de Treinamento. Spencer desconfiava que, em sua reclusão, o cientista havia feito descobertas importantes e ordenou que Wesker e Birkin o assassinassem e roubassem suas pesquisas. A traição se provaria útil e motivaria o início do Projeto Tyrant, que envolvia o uso de cobaias humanas na pesquisa com o T-Vírus.

As ordens de Spencer, porém, fizeram com que Wesker passasse a questionar as reais intenções e fidelidade de seu mentor. Desgostoso com o lento avanço das pesquisas com o T-Vírus, o cientista desviou sua atenção ao Projeto Nemesis, iniciado nos laboratórios franceses da Umbrella. Mais tarde, a descoberta do G-Vírus por seu parceiro William Birkin separaria a dupla e levaria o vilão para outros rumos dentro da empresa.

Desviando do caminho

Alegando ter atingido seu limite enquanto pesquisador, Wesker pediu transferência para o recém-formado Departamento de Inteligência da Umbrella. Por ser um executivo de alto escalão da empresa, sua solicitação foi atendida prontamente e ele passou a ser responsável por trabalhos de ocultamento das atividades da companhia. O real motivo dele, porém, era investigar as verdadeiras intenções de Spencer.

É aqui, também, que ele toma uma decisão inusitada. Por razões ainda ocultas, ele tem um filho ilegítimo com uma mulher desconhecida, que é abandonada pouco após o nascimento. A criança, batizada de Jake Muller, herda os anticorpos virais oriundos do projeto Wesker Children. Mais tarde, o jovem seria importante na guerra contra o bioterrorismo global, mas agindo ao lado dos mocinhos, ao contrário de seu pai.

Aproveitando-se da influência da Umbrella junto à administração pública de Raccoon City, Wesker solicita uma nova transferência e, em 1996, auxilia na criação do S.T.A.R.S., um grupo de policiais altamente especializado. Com a forte recomendação da empresa, ele se tornou o capitão e selecionou todos os integrantes do esquadrão, que reunia os melhores oficiais da cidade, responsáveis por missões de alta periculosidade.

Ao mesmo tempo em que exercia seu alto posto na delegacia de Raccoon – e auxiliava a esconder as atividades ilegais da Umbrella – Wesker assumiu o cargo de chefe de segurança do Laboratório Arklay. O trabalho era perfeito para esconder as suas intenções verdadeiras.

O vilão sabia que, por mais que a empresa tentasse esconder seu intuito, a verdade viria à tona mais cedo ou mais tarde. Sua ânsia por poder o levou a negociar com organizações rivais, que o empregariam em troca de dados de pesquisa da Umbrella. A oportunidade perfeita para colocar o esquema em funcionamento viria em julho de 1998.

Obstáculos na estrada

Como um dos profissionais mais proeminentes do departamento de segurança da Umbrella, Albert Wesker recebeu duas missões importantíssimas na segunda quinzena daquele mês. A primeira era liderar o “Projeto Recuperação”, que tinha como intuito reativar o Centro de Treinamento e o laboratório adjacente. O segundo era o “Dia-X”, iniciativa que se aproveitaria do vazamento do vírus na mansão de Spencer para coleta de dados de combate das armas biológicas da Umbrella.

A primeira missão teve como estopim a ação de um ressuscitado James Marcus, trazido de volta à vida pelas sanguessugas na qual baseou sua pesquisa durante tantos anos. Disposto a se vingar da Umbrella e destruir o mundo, ele lançou ataques virais ao Centro de Treinamento e à Estação de Tratamento de Água, atingindo também um trem que transportava diversos funcionários dela.

Semanas antes, um acidente havia transformado a Mansão de Spencer e o laboratório abaixo dela em uma casa fantasma, habitada apenas pelos cientistas e funcionários da Umbrella, agora transformados em zumbis. Para encobrir o vazamento a seus acionistas, a empresa culparia Morpheus D. Duvall e o acusaria de negligência. Anos mais tarde, ele seria o responsável por um ataque terrorista contra a companhia farmacêutica.

Alguns dos infectados acabaram vagando pela mata, atacando andarilhos e alpinistas. Aos poucos, relatos de assassinatos cruéis, associados a um suposto grupo de psicopatas canibais, começaram a aparecer aos montes. Isso causou pânico entre a população, que exigiu uma ação imediata por parte do departamento de polícia de Raccoon City. Em 23 de julho, o Bravo Team, equipe secundária dos S.T.A.R.S., foi enviada à floresta para investigar o caso.

Ao lado de William Birkin, Wesker acompanhava por meio de monitores a ação de Rebecca e seus companheiros, bem como do restante do Bravo Team e do time de elite de Umbrella despachado para recuperar o Centro de Treinamento. Seguro no laboratório subterrâneo de Raccoon City, o vilão percebe que, como esperava, aqueles incidentes levariam a Umbrella para o fundo do poço.

Na última conversa que teria com Birkin, Wesker afirma que seguirá seu plano inicial: levar o Alpha Team dos S.T.A.R.S. à mansão e, após a morte deles, fugir do local com os dados de combate. O cientista, porém, ainda precisava dos recursos da Umbrella para concluir a pesquisa com o G-Vírus, que agora se encontrava em seus estágios finais de desenvolvimento.

Antes de se separarem para sempre, o pesquisador entre a Wesker uma versão modificada do Vírus Progenitor. A substância, capaz de trazê-lo de volta do mundo dos mortos, seria o último passo para trair a Umbrella. Mal sabia ele que esse acontecimento era nada mais do que a etapa derradeira do projeto Wesker Children, que faria com que ele, mais do que nunca, estivesse sob as garras de Spencer.

Ainda, antes de seguir de volta para a delegacia de polícia, Albert Wesker se vê obrigado a enfrentar Ivan, um T-103 modificado que serve como guarda-costas de Sergei Vladimir, outro oficial de segurança da Umbrella. Ele também sabia dos planos de traição do vilão e queria ensinar a ele uma lição por sua insubordinação. Para o líder dos S.T.A.R.S., porém, o russo não passava de mais um lacaio cego da empresa.

Derrota inicial

Na noite de 24 de julho de 1998, Wesker deu início à operação Dia-X, levando o Alpha Team dos S.T.A.R.S. para a floresta de Arklay. A missão não se tratava apenas de conhecer a verdade sobre os crimes bárbaros que estavam ocorrendo na região, mas também localizar o Bravo Team, preso na área após um acidente de helicóptero causado por uma sabotagem do vilão.

Os dados de combate jamais chegariam às mãos da Umbrella e o Tyrant, que deveria ser destruído, se tornaria o “presente” utilizado por Wesker para exibir sua fidelidade a seus novos empregadores. Ele só não contava com a habilidade de Jill Valentine e Chris Redfield, que se tornaram as principais peças que impediram o sucesso dos planos.

Após serem atacados por Cerberus na floresta e verem Joseph Frost ser brutalmente assassinado, os S.T.A.R.S. remanescentes se refugiam em uma mansão nos arredores. O local servia de fachada para um laboratório subterrâneo da Umbrella, que havia sido responsável pela infecção na floresta, e seria o palco da trama costurada por Wesker, que assistiria a tudo de uma sala secreta no centro de pesquisas.

Para facilitar a manipulação de Jill, Wesker ameaça a vida da esposa e filhas de Barry Burton. Em troca, ele deveria agir como o vilão mandasse, salvando a moça ou colocando-a em armadilhas quando necessário. O velho parceiro de Chris é o responsável por levar ele e a policial até o subterrâneo da mansão, onde eles eram aguardados por seu corrupto capitão.

Antes de confrontar a dupla, Wesker injetou o vírus experimental em seu corpo. A seguir, liberou o Tyrant e deixou que o monstro o matasse com um golpe mortal no abdômen. Ao contrário do esperado, Chris e Jill sobrevivem à batalha contra a criatura e a destroem no heliporto da mansão, fugindo do local minutos antes do sistema de autodestruição mandar tudo pelos ares.

Um novo Wesker

Ao acordar, Albert percebe que está bem diferente de antes. O vírus experimental criado por Birkin não apenas o reviveu como deu a ele poderes sobre-humanos, aumentando consideravelmente sua capacidade física e psicológica. A recombinação de suas células, responsáveis pelo processo de ressuscitação, o transformaram em algo além de uma pessoa comum.

O metabolismo melhorado e a alta densidade das mitocôndrias de Wesker lhe deram uma grande capacidade de regeneração, aliada a um aumento em sua resistência física que o tornou pouco vulnerável a balas e explosões. Alterações nos sistemas nervoso e cardiovascular garantiram a ele uma força muscular incomparável, tornando seus ataques extremamente potentes e deixando seus movimentos incrivelmente rápidos.

Mas nem tudo poderia ser perfeito. Ao acordar, Wesker viu que não apenas o Tyrant havia sido destruído, mas Chris, Jill e Barry haviam sobrevivido. Ao acessar os sistemas da Umbrella para coletar os dados de pesquisa, percebeu que teve seus privilégios cortados por Sergei Vladimir, que pretendia aplicar um duro golpe em sua reputação junto a sua mais nova organização.

Se vendo obrigado a fugir rapidamente da mansão, a poucos minutos de uma explosão, o vilão se vê obrigado a levar os poucos dados que conseguiu reaver. Entre eles, estavam informações sobre a pesquisa e desenvolvimento dos Hunters. Enquanto fugia, Wesker ainda teve um último encontro com Lisa Trevor, uma das principais cobaias da Umbrella.

Fazendo uso de seus novos poderes, ele foge a pé pela floresta de Arklay, deixando o laboratório e a Umbrella para trás. Para todos os efeitos, Wesker estava morto. A falha de seus planos, porém, não seria esquecida pelo vilão. Apesar de aceito na Terceira Organização com os poucos dados que tinha, ele ainda precisava provar seu valor. E a melhor forma de fazer isso era roubando uma amostra do recém-criado G-Vírus.

Nas sombras

De forma a manter a farsa de sua própria morte, Wesker envia Ada Wong a Raccoon City durante o incidente que colocaria um fim na cidade. A infecção generalizada era fruto, entre diversos outros fatores, de uma missão da própria Umbrella para roubar o G-Vírus das mãos de William Birkin. O time de elite foi dizimado quando o pesquisador injetou a substância em si mesmo e se transformou em uma criatura terrível. Apenas HUNK sobreviveu ao massacre, que resultou em um vazamento das armas biológicas nos esgotos do município.

O caos, em teoria, facilitaria a missão de Ada e permitiria que Wesker, mais uma vez observando tudo à distância, coletasse os dados de combate de soldados da Umbrella – enviados à cidade para resgatar sobreviventes de alto valor – contra as criaturas criadas pela própria companhia. Entre as abominações registradas estavam o Nemesis e novas versões do Hunter.

O envolvimento de Ada com Leon, porém, quase colocou tudo a perder. Ao mesmo tempo, HUNK fugia da cidade com o que parecia ser a última amostra existente do G-Vírus. Wesker estava disposto a deixar Ada morrer por sua suposta traição, mas não contava com a sagacidade da espiã, que obteve um exemplar da substância a partir do corpo de William Birkin.

A obtenção do G-Vírus e dos dados de combate recuperaram a reputação de Wesker perante a Terceira Organização. O prestígio recém-adquirido por ele também permitiu que ele participasse de ações mais diretas em nome dela, com o objetivo de ampliar a carteira de armas biológicas da empresa. E o alvo seguinte já estava definido.

De volta à ativa

Wesker assume o comando da H.C.F. (Host Capture Force, ou Força de Captura de Hospedeiros), a equipe de operações especiais da Terceira Organização. Ele envia um espião para a Ilha Rockfort, outra base secreta da Umbrella na qual o vírus T-Veronica estava sendo desenvolvido. O infiltrado revelou que Alexia Ashford, uma das principais pesquisadoras do projeto, não estava morta como havia sido informado pela Umbrella.

A novidade motivou um bombardeio da Terceira Organização à Rockfort, executado no dia 27 de dezembro de 1998 e responsável por um vazamento viral. Acompanhado de um esquadrão de elite, o próprio Wesker segue até o local e descobre que Claire Redfield também está por lá. O progresso da moça em busca da fuga serve perfeitamente aos propósitos do vilão, que a usa como forma de conhecer os segredos da ilha e a verdade por trás da pesquisa que acontecia por lá.

O vilão descobre que Alexia, na verdade, está no laboratório da Umbrella na Antártica. O incidente também proporciona a ele um encontro com seu velho inimigo, Chris. O ex-policial dos S.T.A.R.S. inicia um combate mortal com Wesker e, por muito pouco, não é assassinado por ele.

Apesar de Alexia ter sido completamente destruída pelos irmãos Redfield, Wesker obtém uma amostra do vírus T-Veronica do corpo de Steve Burnside, usado horas antes como cobaia. A missão na Ilha Rockfort também resultou na aquisição de novas armas biológicas pela Terceira Organização, como o Bandersnatch, e também permitiu que a empresa testasse duas de suas novas criações: o Hunter II e o Sweeper, frutos dos dados roubados da Umbrella.

Após lidar com o vírus T-Veronica, Wesker deixou de acreditar no potencial dele. Ainda assim, manteve uma amostra para si, além de entregar outra à Terceira Organização. Após o incidente na Ilha Rockfort, ele começa a se distanciar da empresa e seguir objetivos próprios, vendendo criaturas e vírus roubados no mercado negro com o objetivo de acumular dinheiro e enfraquecer a Umbrella, que já sofria duros baques devido à destruição de Raccoon City.

A Terceira Organização percebe que Wesker não está mais tão alinhado a seus ideais quanto antes e começa a mantê-lo sob restrita vigilância, sem nunca deixar que ele perceba isso. A companhia utiliza Ada Wong – a única agente que tinha a confiança do vilão e fazia parte de seu círculo interno – como principal peça para minar a já inevitável traição.

Entre as negociações clandestinas realizadas por Wesker está a venda do vírus T-Veronica para Javier Hidalgo, um poderoso traficante sul-americano que estava em busca de uma cura para a doença que acometia sua mulher e filha. Por meio do uso da arma biológica, o bandido pôde dar uma vida quase normal à sua herdeira, Manuela, desde que ela se submetesse a constantes transplantes de órgãos para manter a infecção controlada.

Wesker estava presente, à distância, durante a “Operação Javier”, uma missão do governo norte-americano que tinha como objetivo prender e descobrir a verdade sobre as operações do traficante. Na ocasião, o bandido acabou morto e Jack Krauser, um dos soldados dos EUA, é ferido e é dispensado do exército. Meses depois, ele se juntaria à Terceira Organização em troca de uma cura e o retorno às operações de campo.

O golpe final

Em fevereiro de 2003, Wesker finalmente daria, praticamente sozinho, o golpe final na Umbrella. Por meio de informantes da Terceira Organização, ele descobre a existência de uma série de hangares da empresa na região do Cáucaso, na fronteira da Europa com a Ásia. Os locais abrigavam armas biológicas em desenvolvimento e uma série de outros recursos da empresa, que estavam escondidos enquanto a companhia enfrentava processos judiciais. No futuro, eles seriam usados para reerguê-la.

No local, também estavam dois artigos de suma importância para Wesker: a Red Queen, inteligência artificial computadorizada que dava acesso a todos os sistemas da Umbrella; e o U.M.F.-013, mainframe que acumulava informações sobre pesquisas e processos gerenciais de todos os laboratórios e escritórios da empresa. Basicamente, todo o legado da companhia farmacêutica.

Distanciando-se ainda mais da Terceira Organização, Wesker parte sozinho para o Cáucaso e libera o T-Vírus nas instalações da empresa, infectando todos os funcionários. Ao mesmo tempo, seus velhos inimigos Chris e Jill chegavam ao local para destruir o T-A.L.O.S., a mais recente arma biológica criada pela Umbrella. A missão dos dois servia perfeitamente aos propósitos do vilão, já que criaria uma distração e permitiria que ele agisse de forma mais tranquila.

Na base, Wesker também se encontraria com Sergei Vladimir, seu antigo rival. Após ver seus dois guarda-costas sucumbirem em combate contra o vilão, o líder da U.B.C.S. se transforma em uma criatura horrível, na esperança de acabar com ele de uma vez por todas. As habilidades sobre-humanas do ex-S.T.A.R.S., porém, provam-se superiores mais uma vez.

Cinco anos depois do fracasso de sua missão na mansão, Wesker finalmente tinha acesso a todos os dados de pesquisa da Umbrella. Ele copia as informações em um disco óptico e formata a Red Queen e o U.M.F.-013, dando seu primeiro golpe fatal nas operações da Umbrella.

O segundo ataque direto viria após o incidente no Cáucaso, quando Wesker entregou à Suprema Corte Americana provas que incriminariam a Umbrella de uma vez por todas. Ele mesmo chegou a testemunhar contra a empresa, de forma anônima, resultando na condenação de todos os envolvidos com a pesquisa e no fim definitivo da companhia farmacêutica.

Agora, Wesker podia iniciar aquele que era seu verdadeiro plano desde o início: criar uma “nova Umbrella” à sua imagem, que guiaria o mundo para um futuro glorioso. Ele sempre enxergou a empresa como uma representação de poder que, infelizmente, estava em mãos erradas. O momento de reparar isso havia finalmente chegado.

Ele, porém, não seria capaz de executar seu plano estando sozinho. Por isso, se aproximou de Excella Gionne, uma das descendentes dos fundadores da farmacêutica Tricell. Para ganhar a confiança dela, ele a entregou uma série de informações virais sobre o T-Vírus e o T-Veronica, garantindo a subida dela para o posto de presidente da sucursal africana da companhia.

Em troca, Wesker ganhou acesso a todos os recursos de uma multinacional e uma aliada facilmente manipulável. Mostrando interesses que iam além de uma parceria no ramo das armas biológicas, Excella se transformou em uma marionete do vilão e um recurso importantíssimo para a concretização dos planos dele.

O traidor é traído

Em 2004, Wesker obtém informações sobre o surgimento do Las Plagas em uma vila espanhola. O parasita poderia ser uma peça providencial em seus planos de dominação mundial e, para obter mais informações, ele envia Jack Krauser, que se infiltra no culto religioso Los Illuminados.

O ex-militar seria o responsável pelo sequestro da filha do presidente americano, Ashley Graham, e motivaria a missão que levou Leon Kennedy à Espanha. Mal sabia o sobrevivente de Raccoon City que o resgate era apenas uma peça de uma engrenagem muito maior, que envolvia a obtenção do Las Plagas por Wesker e um jogo de espionagem e traição envolvendo o vilão e a espiã Ada Wong.

As informações enviadas por Jack Krauser revelaram a existência da Master Plaga, um tipo superior de parasita desenvolvido pelo líder dos Los Illuminados, Osmund Saddler, e capaz de controlar todos os hospedeiros. Ada é enviada à vila sob ordens de Wesker para roubar uma amostra.

Mal sabia ele que a lealdade de Ada permanecia junto à Organização. Durante a missão, a espiã chinesa obtém sucesso no roubo de uma amostra da Master Plaga, mas entrega a Wesker um parasita subordinado, que não possui as mesmas capacidades de controle do organismo-mãe. Pela primeira vez, o vilão era traído em seu próprio jogo.

A artimanha da Terceira Organização, porém, não frearia os planos de seu ex-funcionário. Separando-se de vez da empresa, Wesker tem sucesso na obtenção de uma Plaga de controle por meios desconhecidos e dá os primeiros passos concretos em seu plano final.

Criador e criatura

Um eco do passado, porém, ainda incomodava Albert Wesker. Mesmo com o fim das atividades da Umbrella e a captura ou morte de seus membros-chave, Ozwell Spencer ainda estava à solta. Localizar o fundador da companhia farmacêutica que ele havia traído tantos anos antes se transformou em uma cruzada pessoal para o vilão, que investiu muito dinheiro e usou todos os seus contatos para a busca.

Spencer, como sempre, estava um passo à frente. Sabendo que Wesker estava em seu encalço, o fundador da Umbrella pede a seu mordomo, Patrick, que vaze seu paradeiro a Ricardo Irving. O traficante de armas estava em contato direto com Ada Wong e a Organização que, por sua vez, transmitiram a informação ao vilão.

No dia 1º de agosto de 2006, Spencer e Wesker finalmente estavam frente a frente. A ideia de Albert era contar a seu antigo mentor, agora debilitado devido a uma doença degenerativa, que ele fora o único responsável pela derrocada da Umbrella e exibir a ele seus grandes planos mundiais, desígnios que o velho magnata veria passivamente, de sua cadeira de rodas.

Em vez disso, Wesker descobriu que o plano dele nada mais era do que o desígnio original do próprio Spencer. O fundador da Umbrella revela a verdade sobre a concepção do vilão e o projeto Wesker Children, com o objetivo de criar uma raça superior de seres humanos. Pior ainda, o vírus experimental que havia significado a transformação de Albert em um indivíduo acima do normal nada mais era do que mais uma etapa desse processo.

Naquela que é, possivelmente, sua primeira e única demonstração de emoções humanas, Wesker mata Spencer com um único golpe, atravessando o peito de seu antigo empregador com as próprias mãos. Refletindo sobre o cadáver, o vilão vê o desejo de transformar seu plano em realidade se tornar ainda mais forte.

Wesker havia deixado de lado a ideia de recriar a Umbrella. Para ele, a empresa nada mais era do que uma antiquada relíquia do passado. O mundo deveria ser dele, e apenas dele. Agora, apenas ele tinha o direito de ser um deus e dominar completamente a Terra.

O destino ainda daria mais uma mãozinha para que os desígnios de Wesker fossem bem sucedidos. Chris Redfield e Jill Valentine também estavam na mansão no momento do assassinato de Spencer e iniciaram uma batalha nada equilibrada contra o antigo capitão dos S.T.A.R.S.

Quando Wesker estava prestes a matar Chris da mesma forma que havia assassinado Spencer, Jill interfere, saltando com ele do penhasco no qual a mansão de Spencer estava localizada. A queda de dezenas de metros de altura não matou a moça, uma sobrevivência que chamou a atenção do vilão. Ele levou o corpo de sua inimiga com ele, colocando-a em uma câmara criogênica.

Jill e Wesker foram dados como mortos, mas os cadáveres dos dois nunca foram encontrados, mesmo com as incessantes buscas lideradas por Chris. A nova morte permitiu que o vilão desse os primeiros passos no Plano Uroboros sem interferências externas.

A cartada final

Usando os recursos tecnológicos da Tricell, Wesker descobriu que o Jill carregava anticorpos em seu organismo, frutos de sua infecção em Raccoon City e da utilização de um soro antivírus pelo mercenário Carlos Oliveira. A novidade permitiu o controle do recém-criado vírus Uroboros, que seria o responsável por selecionar os escolhidos para seu novo mundo.

A agente da B.S.A.A. também se tornou a candidata ideal para os testes do P30, uma droga capaz de aniquilar completamente o livre-arbítrio de um indivíduo. Agora totalmente sob o comando de Wesker, Jill passou a agir como uma espécie de capanga do vilão, tendo a segurança do traficante Ricardo Irving entre suas atribuições.

Ao mesmo tempo em que Wesker dava seus toques finais nos mísseis que levariam o vírus Uroboros até a atmosfera da Terra, Irving transformava a região africana de Kijuju em um palco para a exposição das recém criadas Plagas Tipo 2 e 3. As versões mais poderosas do parasita europeu não apresentavam a característica vulnerabilidade à luz do Sol e conferia agilidade e resistência ainda maiores a seus hospedeiros, além de possuirem um método de contaminação muito mais eficaz.

Tal fato, porém, voltou as atenções da B.S.A.A. para o território africano e motivou uma missão de busca e apreensão a Ricardo Irving. Com Kijuju isolada, a organização antibioterrorismo enviou Sheva Alomar e Chris Redfield para lidarem com a situação. O agente, porém, tinha seus próprios interesses no território, pois possuía informações de que Jill ainda estaria viva no local.

O exército de habitantes locais infectados não foi suficiente para impedir o avanço dos dois soldados que, cada vez mais, descobriam a verdade sobre o Plano Uroboros. Ainda, Sheva e Chris descobrem que os poderes de Albert Wesker são instáveis e que o vilão tem tomado doses periódicas de uma substância chamada PG67AW para mantê-los sob controle. Essa mesma mistura, se administrada excessivamente, porém, enfraqueceria o vilão.

Ao confrontarem Wesker, a dupla injeta doses excessivas do PG67AW no corpo dele e, durante um intenso combate, derrubam o avião que transportava o vírus antes que ele atingisse uma altura ideal para dispersão. A aeronave cai em vulcão nas proximidades de Kijuju.

Vendo seus ideais sendo destruídos por seu velho rival, Wesker infecta a si mesmo com o Uroboros e perde completamente os poucos traços de sanidade que ainda possuía. Disposto a assassinar Chris e Sheva, o vilão perde completamente o controle de seus poderes, terminando por morrer na lava incandescente do vulcão. Com ele, as únicas amostras existentes do vírus foram destruídas.

O legado de Wesker

Albert Wesker foi, sem dúvida alguma, o principal bioterrorista que o mundo já conheceu. A morte dele, ao contrário do que Chris imaginava, não foi suficiente para que o mundo vivesse em paz. Pelo contrário, a ameaça biológica se tornou mais forte do que nunca e o planeta estava, mais uma vez, sob o fio da navalha.

Os agentes responsáveis pelo combate a essa ameaça não contavam com a existência de Jake Muller, o filho de Wesker. Herdeiro do sangue do vilão, ele se torna uma peça fundamental no desastre em Edonia, um pequeno país do leste europeu, e na cidade chinesa de Lanshiang.

Outras aparições

Por ser um dos personagens mais queridos da série Resident Evil, Albert Wesker está presente em diversos jogos que não fazem parte da cronologia ou que, simplesmente, não são integrantes da franquia. O vilão, por exemplo, aparece como um dos lutadores de Marvel Vs. Capcom 3, usando alguns de seus movimentos característicos de RE5.

Os poderes dele também o tornaram uma ótima adição do modo Mercenaries. O personagem está presentes nos modos extras de Resident Evil 4 e 5, além de ser um dos jogáveis em RE: The Mercenaries 3D.

Nos filmes, Albert Wesker tem uma história bem diferente da dos games e aparece como o presidente da Umbrella Corporation. Também contando com poderes sobrehumanos, ele é o principal rival de Alice em Resident Evil 4: Recomeço, estando presente também no filme anterior, RE3: A Extinção, e em RE5: Retribuição, que chega aos cinema em 14 de setembro de 2012.